segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Apenas Um Som


Tem hora que eu penso que eu sou uma música... 
Um som, apenas um som.
Sinto-me às vezes, um acorde posto na melodia da vida como um toque de elegância.
Outras vezes sinto que sou uma nota dissonante... Destoando tudo.
Uma orquestra em mim se faz ouvir nas primaveras,
Mas nos invernos sou piano empoeirado atrás de cortinas velhas em janelas de outonos.
A canção em mim não encanta apenas a mim, mas mais a mim.
Os verdes tons da valsa do tempo vivem em mim como lembranças.
É em Sol Maior que sigo cantando pela vida.
As cordas que fendem o silêncio se tornam abismos sonoros.
É em Ré Menor que a poesia me ocorre cristalina.
Minha alma é declamada, escrita em partituras de folhas lilás como o vento.
O amor em mim é sinfonia de dobrados acordes postos para serem solfejados.
Acho que sou uma música mesmo. Que outra coisa pode definir alguém como eu?
Um saltinbanco?
Uma pedra esculpida?
Não! De jeito nenhum! 
Uma semínima...
Breve ou semibreve?
O Que sou?
É isso ai, eu sou apenas uma melodia para amar quando ouvida. Mais nada.
Sou apenas um som; não um mero som,
Uma voz,
Um eco vindo das montanhas.
Ecos de uma alma que grita na chuva.
Eco ouvido no deserto.
Sim, um som que rompe o silêncio da saudade.
  

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