Faz um tempo que sou hipertenso.
Qual a vantagem disso? Nenhuma.
Nós hipertensos somos hipersensíveis,
Sentimos a vida e passamos o mundo à flor da pele.
Pele que pela natureza ansiosa, expele os pólos pelos poros.
Hoje ela esteve a 15x10, alto risco para quem deseja esquiar nas montanhas.
Não precisamos de aventuras para por a vida em risco,
Transportamos a aventura no sangue e sob risco constante vivemos.
O fato é que amamos o que fazemos e nos sabemos nos limites.
Nas fronteiras dos sonhos e da realidade.
O coração parece cansado do que sabe não-saber.
As coronárias divagam entre a dor e a alegria.
Pulsa o corpo enquanto a alma palpita solitária.
A mente pressionada pelo tempo ocupa o corpo de sofrimentos.
E para o corpo basta a dor e o mundo torna-se demoníaco.
Se eu pudesse eu me daria descanso das ânsias da minha alma.
Eu colocá-la-ia num SPA almático caso existisse.
Se me fosse conferido descansar o espírito eu daria férias ao corpo.
Bem que os religiosos poderiam inventar alguma coisa dessa natureza.
Mas coitados, vivem às voltas importunando os espíritos desencorpados.
A religião é para o corpo o que a borboleta é para o mar.
A morte se avizinha de todos; o que a torna democrática.
Eu gosto do caráter não-preconceituoso dela,
Pois, para ela não há credo, cor, etnia, linguagem, classe ou idade.
Seu caráter universal transforma-a num bem-comum, na religião de todos.
Sou hipertenso, e daí?
Vou tocando à vida à anlodipino, dietas e exercício físico.
É a melhor forma de adiar a morte, lugar certo para todo homem.
A pressão sanguínea anuncia ao corpo a quietude.
O corpo vindo de velhos combates combale claudicante ante a roca do tempo.
Sou hipertenso; dizem que não tem cura.
Teme a morte quem teme a vida.
Tem mais sorte quem tem mais alegria.
Da alegria vem a paz que o corpo precisa.
Por onde andará a alegria? Quem sabe numa sobrevida!
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