Das borboletas quero a leveza.
Das abelhas o mel,
E das margaridas o tom incerto para colorir os céus.
Sou zangão zangado voando por ai.
A roca do tempo tece fios de lua e flor.
Minha pátria é copo-de-leite no exílio de jardins partidos.
Quero ser maré vermelha de um rubro mar atravessado a pé.
Quero ser arco-íris onde a íris dos olhos almeje a eternidade.
Pela porta do amor entreaberta o meu coração contempla a finitude.
Sou vagalume vagando ao lume de fogueiras velhas.
As cinzas ainda queimam e a saudade é lenha nova.
Sinto-me vento rasteiro bailando nos quintais de outrora.
O sino toca e de longe se ouve a balalaika.
O candeeiro ainda incide a fumaça à luz da lua.
A beleza despe-se ante os olhos fartos da mesmice.
Sou poeta que sangra poesias.
Minhas veias esguicham os versos enquanto morro de amor.
Morre-se de amor? Sim, quando amor morre tornando a vida um vício.
Quero ser silêncio, pois calado passo por sábio.
Quero da palavra o néctar, vinho amargo posto sobre brasas.
Quero o tempo que me resta, para viver o que em mim ainda resta.
O que resta em mim que mar e céu já não o possuam?
O que resta em mim é a esperança e de mim
Se partido, restará saudade, alegria e paçocas de amendoim.
Sigo feito vento afeito ao afeto que me afeta.
Afasto-me de tudo que se chama angústia.
Quero envelhecer feliz e sentir o perfume aromático de narguilés.
Quero ler bons livros, escrever e contar histórias,
Quero escrever poemas de amor que se eternizem.
Quero simplesmente ser diamante encontrado em cavernas escuras.
Sou saudade, e assim sendo, em sendo nada sou tudo.
Sou areia e meu coração vive de alvas dunas.
Sou apenas fôlego, um respirar suave no compasso da felicidade.
Sou apenas soul.
Soul apenas,
Apenas sou.
Sou apenas soul.
Soul apenas,
Apenas sou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário