Quem sou eu além de pés que andam sobre trilhos?
Sou deserto em tempestade de areia sob um céu de vidro de frente para o mar.
Se sou passos? Compassos apostos compõem minha esperança.
Sinto-me réstea de luz de Sol na janela de quando o Sol está brando.
Quem sou eu além de passos de pés que andam sobre trilhos?
Para onde vão os trilhos? Onde dará esta estrada?
A estrada finda onde finda a palavra.
Ali no lugar onde nasce a contemplação, o encanto e o amor.
Quem sou eu além de uma velha estrada que possui um trilho?
Sou caminho para os pés que anseiam a glória das macieiras.
Ali onde morangos maduros perfumam amoras verdes.
Sim, onde pomares por mares que sejam enternecem o olhar.
Quem sou eu além de um velho rabisco no caderno de outrora?
Sou desenho de afeto feito entre linhas turvas por lágrimas pétreas.
Por onde andará a lucidez que caminha no caminho das aves?
Não sei; só sei que em mim serena a vida que se vai com o Sol.
Meu ocaso é feito de lembranças doces,
De trilhos de ferro e flores,
Meus pomares mais amores na cor do som.
E o Sol estará aqui amanhã às 6h00.
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