quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Cojunções À Mim Subordinadas


Quanto mais eu sinto o alvor do dia, tanto mais meu coração se alegra.

Porque as aves despedem-se no cair da tarde, pois a noite aproxima-se.
Que farei se a escuridão esconde a beleza das coisas que o Sol revela?
Minha alma é feita de anil, visto que de azuis as borboletas voam á lume.

A leveza do meu ser, conquanto insustentável, se enternece consoante a angústia.
Tal é meu desassossego na espera qual a ave que anseia as manhãs.
Por isso que anelo os ventos embora em mim habite a paciência dos monges.
Sigo as marés já que não posso seguir as nuvens.
   
Meu corpo padece de amor, posto que minha alma saudade tornou-se.
Portanto, como alimentar o espírito, uma vez que aqui, tudo perece no abismo da finitude?
A grinalda cobre o olhar que espera no altar o beijo que sucede a benção no amém.
A poesia mais do que tudo, colore o espaço espesso onde velas iluminam lobbies.

A emoção saltita como carneirinho à relva na montanha.
Bem como saltitam afetos como quando a palavra eclode do silêncio.
As mãos transpiram enquanto o rosto banhado por suor e lágrima tem borrada a maquiagem.
E as flores lá fora sorvem o aroma de perfumes vindos da capela bizantina ainda vicejante.

Sinto-me platéia no anfiteatro dos sonhos, dado que aguardo o passar das horas.
Para onde vão os sonhos quando os homens abandonam-nos? Não sei dizer.
Entre outras coisas meu mundo é feito de fragmentos de saudades e esperanças.
Pior que não ter um sonho é não ser amado, mas não amar dói que nem punhal que traspassa o peito.

Sigo a cada dia o meu dever de querer ser feliz, à medida que passa o tempo, sinto-me em a harmonia com o mundo.
Sou universo que navega a via láctea da alegria, de forma que sibilo canções de amas de leite junto à fonte.
Tenho para mim que a felicidade é tão importante quanto o pulsar do coração.
Como se a vida feita flor, exalasse seu aroma segundo o amor de quem espalha bolhas de sabão.

Ser poeta é tarefa de quem morre de amor pelo mundo e pela vida, que nem os que cruzam os mares.
Daqui do meu lugar atravesso oceanos profundos e diversos, assim como quem voa em balões coloridos pelo céu.
Escrever poesias é cruzar oceanos e voar de balões nas sendas do espírito.
De maneira que é possível avistar-se os mundos de cima, sem perder, no entanto, a profundidade das coisas.

Os poetas precisam de aventura, caso contrário não parem poesias.
Poemas não nascem do acaso, antes, eles nascem de uma alma grávida do mundo.
Eu vou ser poeta um dia.
Quero seguir os passos de Drummond, Neruda e Pessoa, ainda que isto leve tempo.
Mesmo que eu me afogue nas palavras, esgote o verbo e amiúde, venha fenecer sonhando.
Quero mergulhar em gotas de chuva, salvo se o gotejar não for constante.

Quero dar sentido aos sentimentos, desde que o amor se despedace junto à face beijada.
A menos que a mim me reste conduzir o trem da história e seguir os trilhos da eternidade.
Precipito minha alma no que pronuncio, de forma que desnudo o meu ser em tons lilás.
Quanto mais escrevo tanto mais vejo nexo na loucura.

Quanto menos reflito a lógica, tanto menos lógica vejo nas coisas.
Poetas não são paridos, visto que são imortais.
Poetas nascem do ovo, sinto isto, à proporção que aninho a eternidade no amor.
Antes que este poema chegue ao fim, quero seguir o curso do rio das palavras.

Uma idéia surge; não se sabe se feia ou bela. Poesias precisam de um fim.
Qual será o fim das poesias? Poesias servem para serem lidas.
Se bem que podem ser amadas; apesar de que podem ser esquecidas.
Continuarei tentando, nem que o Sol já não brote no céu.

O Sol! Ah! O Sol está se indo com desculpas de que a terra não é mais fértil.
A terra sabe mais de si que os astros. A terra escolhe e acolhe silente as sementes.
Se o Sol não vier não haverá flores; tamanha será a agonia: assim nascem os desertos.
Deserto é Sol divorciado da terra, de maneira que sementes não brotam.
Deserto, é terra infeliz; ao passo que sem flores e sem chuva não sorri o Sol.
  
Quando crescer, serei poeta, a fim de que eu possa pintar o mundo do meu jeito.
Ser poeta faz-me ser o que transporto nos sonhos de há muito, apesar de frágil.
Logo que eu for poeta cantarei a vida, a alegria e a felicidade, sempre que possível falarei do amor.
Sou aprendiz de cancioneiros; de sorte que sou um misturador de letras, aromas, palavras e versos.

Antes que esse poema acabe, acenderei a lamparina, até que a luz de mim ilumine o mundo.
Sinto-me boticário, um arremedo de mago das palavras, todas as vezes que faço uma frase.
O amor em mim é mais que tentativa, é alma posta no lagar cada vez que inspirada.
Mal posso ver a sua face terna depois que finde a degustação dessa sopa de letrinhas feita com amor.

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