terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Memória!


Não confio na memória,
Migra para longe quando hibernam seus encantos.
Como posso esquecer a canção que um dia me fez sorrir?
Como posso olvidar a flor cuja folha eu ainda guardo em um livro?
A memória é assim, furta, baila e camuflando se esconde,
Quando mais da sua luz minha lembrança anela.
Não confio na memória,
Lapso de mim que espanta as aves.
Memória curta é punhal cravado no véu do afeto.
Gosto das memórias quando vicejam rosa feito doce saudade.
Mas insisto, teimo e não confio na memória.
A memória é como prateleira de vidro,
Suporta coisas leves.
Quando o mundo pesa,
Ela simplesmente,
Esquece!
Há coisas que foram feitas para esquecer,
Outras para lembrar eternamente.
Mas como pude esquecer o instante eterno em mim.
Minha memória é rã, salta, por isso esqueço. 
Esquecendo eu firo.
Ferindo eu sofro.
Sofrendo eu agonizo.
Na agonia eu calo.
Calado eu choro.
Chorando eu pergunto, por que?
A memória é póstuma,   
Sem dizer palavra renasce e a vida eclode.
Se acarinhada, ressuscita.
Ressuscitando, reconcilia-se com o mundo.
O mundo, passa a ser imagens postas no útero da memória.
E assim, em silêncio espero outro inverno.

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