Como um navio ancorado no cais, minhas cordas firmam o mar.
O que pode me abalar se, qual montanha me finco ao chão?
Sou jangada feita ao mar, de amor em costas onde a areia espera.
À deriva me deriva os sonhos feito brisa leve quando toca a face.
Deveria eu que sou poeta ser corais de esperanças mil?
Sinto-me caracol preso à minha concha, casa onde moro.
Transporto em mim o meu abrigo insólito e na areia dilato a vida.
Sou portador da paz em versos quebrados como ouricuris maduros.
Minha espera é moenda que desfaz meu canto feito amêndoas.
Sorvo o vento que, faceiro, passa pela praça onde meninos brincam.
O coreto, ponto de alegria é contraponto em meu amanhecer nodal.
Minha alma quer como diz Adélia em sua Moça na Cama “(...) adiar meus crepúsculos” – pois, (...) “os muros tem seus atrás”.
Atrás de mim há caminhos...
Quando me sinto sozinho,
Vejo-me atrás de destinos como de espelhos,
Atrás de tudo há sempre outro atrás e de mim só resta a lembrança que ficou para trás.
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