quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Sinos!



O sino da capela toca,
Ouço seu som distante e belo.
Já não há mais razões para os sinos,
Se os altares estão vazios de sentido.
Se nas capelas nem os pardais sentem prazer.
As andorinhas rumaram para as ruas,
E entre as árvores se aninham de teologias que retinem.
De discursos vazios vivem os templos cheios.
Dói na retina ver as cruzes, os balaustres e as velas inúteis.
O andor se funde ao funeral e o Cristo vivo, 
Levado como morto, morre de vergonha, 
Cora entre os vivos-mortos que em andrajos seguem por ai. 
Zumbis urbanos transportando a fé na procissão e nos cultos.
O Cristo meu senhor, sepultam-no todos os dias, 
Mas ele insiste em ressuscitar. Só muito amor mesmo!
Os sinos tocam e pedem socorro.
As portas dos templos permanecem fechadas mesmo estando abertas.
O que houve com os homens?
Por onde anda o santo? O pároco? 
O pastor das almas? E os fiéis? Entre abismos...
E Deus? Seria ele a badalar o sino tardes e manhãs?
Para quais consciências?
Que espíritos ainda o escutam?
Teologias há em dúzias, vende-se a três por dois.
O mercado é logo ali entre a cruz e o altar.
A feira-livre mais acolá. Quem dá mais, quem dá mais?
Deus é mais! 
Seria esse barulho o insucesso de Deus com o sino?
Para que os shoppings lá fora se os do templo vendem mais barato a graça?
De graça? Nada, nada é de graça! Doce desgraça. 
Os sinos ainda tocam no alto das igrejinhas.
Mas para quem?

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