Uma pedra atingiu a vidraça em cheio.
Para onde foram as imagens?
Que mão lançou fagulhas do fogo na miragem?
Para onde vão as imagens quando os espelhos se despedaçam?
Tudo é vazio quando não há luz que ilumine o olhar.
Quem poderá resistir aos desertos?
Uma flor promete nascer amanhã.
É uma criança linda e viçosa como um Jasmim.
Sinto uma leve inveja do Super-homem,
Quando triste sobe bem alto para repousar nas estrelas.
Minhas alturas já não são mais as mesmas.
Que importa!
As andorinhas voltam para casa nos fins de tardes.
O arco-íris sempre volta nas chuvas de chuva e Sol.
Quando não há mais espelhos os olhos refletem o amor.
Para que os espelhos?
Já não há muito a ser visto.
O olhar é sequidão, quando a alma é deserto.
Para que a primaveras se as flores já não encantam o desejo?
Uma flor sempre brota no jardim onde moram as quatro estações.
Será tenra.
Será bela.
Será viçosa à luz da luz de um pequeno Sol.
Como poeta, comporei a beleza que refaz o canto.
Escreverei linhas tênues no céu de horizontes dourados.
Darei aos campos o seu perfume em versos.
Darei às flores a notícia do broto que está vindo.
Direi ao mundo que uma flor nasceu.
Tão simples.
Tão amável.
Tanto eternamente minha, quanto minha o era a ventania.
Estarei aqui em silêncio, esperando a luz.
Estarei esperando a pequena flor.
As flores nada são se não há quem as esperem.
Do meu lugar, meu nome é esperança.
Pego o meu barco e vou para a outra costa do mar.
Do que fujo?
Fujo das velhas certezas.
A solidão é pão há ser devorado em silêncio.
Tecerei à agulha e linha o ninho onde pousarei meu ser na espera.
Tricoteio sem palavras o pôr-do-sol.
Alinhavo sonhos, molduras minhas de cachoeiras esgotadas.
Corro por ai, não importa chegar.
O segredo da vida é segredo enclausurado em mim.
Eu queria tomar os raios de luz como destino.
Mas para onde as levará?
Daqui dessa montanha sorvo em silêncio a brisa leve que me leva.
Eu queria ser acolhido numa flor.
Fechar suas pétalas e nunca mais ser esse cansaço.
Quando uma flor se fecha para o mundo, esconde os sonhos.
Quero ser sonho de flores que esconde o amor.
Quero ser poesia de beija-flores, mel e beleza.
Quero ser na fantasia o que a realidade nega ao desejo fecundo do afeto.
Eu queria de fato ser o Super-homem para voar por ai acima e além das nuvens.
Pois esse é o único lugar que me cabe agora.
A despeito de mim, do que sinto e do que penso,
Uma flor sempre nascerá para outras flores.
Poema e foto de Robério Jesus.
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