domingo, 15 de janeiro de 2012

Apenas Um Poema!



Uma pedra atingiu a vidraça em cheio.

Para onde foram as imagens?

Que mão lançou fagulhas do fogo na miragem?

Para onde vão as imagens quando os espelhos se despedaçam?

Tudo é vazio quando não há luz que ilumine o olhar.

Quem poderá resistir aos desertos?

Uma flor promete nascer amanhã.

É uma criança linda e viçosa como um Jasmim.

Sinto uma leve inveja do Super-homem,

Quando triste sobe bem alto para repousar nas estrelas.

Minhas alturas já não são mais as mesmas.

Que importa!

As andorinhas voltam para casa nos fins de tardes.

O arco-íris sempre volta nas chuvas de chuva e Sol.

Quando não há mais espelhos os olhos refletem o amor.

Para que os espelhos?

Já não há muito a ser visto.

O olhar é sequidão, quando a alma é deserto.

Para que a primaveras se as flores já não encantam o desejo?

Uma flor sempre brota no jardim onde moram as quatro estações.

Será tenra.

Será bela.

Será viçosa à luz da luz de um pequeno Sol.

Como poeta, comporei a beleza que refaz o canto.

Escreverei linhas tênues no céu de horizontes dourados.

Darei aos campos o seu perfume em versos.

Darei às flores a notícia do broto que está vindo.

Direi ao mundo que uma flor nasceu.

Tão simples.

Tão amável.

Tanto eternamente minha, quanto minha o era a ventania.

Estarei aqui em silêncio, esperando a luz.

Estarei esperando a pequena flor.

As flores nada são se não há quem as esperem.

Do meu lugar, meu nome é esperança.

Pego o meu barco e vou para a outra costa do mar.

Do que fujo?

Fujo das velhas certezas.

A solidão é pão há ser devorado em silêncio.

Tecerei à agulha e linha o ninho onde pousarei meu ser na espera.

Tricoteio sem palavras o pôr-do-sol.

Alinhavo sonhos, molduras minhas de cachoeiras esgotadas.

Corro por ai, não importa chegar.

O segredo da vida é segredo enclausurado em mim.

Eu queria tomar os raios de luz como destino.

Mas para onde as levará?

Daqui dessa montanha sorvo em silêncio a brisa leve que me leva.

Eu queria ser acolhido numa flor.

Fechar suas pétalas e nunca mais ser esse cansaço.

Quando uma flor se fecha para o mundo, esconde os sonhos.

Quero ser sonho de flores que esconde o amor.

Quero ser poesia de beija-flores, mel e beleza.

Quero ser na fantasia o que a realidade nega ao desejo fecundo do afeto.

Eu queria de fato ser o Super-homem para voar por ai acima e além das nuvens.

Pois esse é o único lugar que me cabe agora.

A despeito de mim, do que sinto e do que penso,

Uma flor sempre nascerá para outras flores.


Poema e foto de Robério Jesus.

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