domingo, 8 de janeiro de 2012

Simplicidade!



  
A liberdade mora ali na esquina da saudade.

Sinto o desassossego de quem prediz futuros.

Nos rochedos da palavra o vento quebra o silêncio.

No campo a vida cresce altaneira e primaveril.

No meu peito bate um velho coração já cansado de tudo.

Os meus pés sustentam o velho corpo de um homem que já foi menino.

Minha mente sustenta os pés de um menino que não ama o calendário.

Quero correr com o vento em dias de sóis brandos.

Os meus cabelos brancos me avisam a curva da estrada.

Temo o que virá depois das chuvas.

Minha política é o amor e da tribuna da verdade sou poeta.

Tenho duas rosas crescendo em meu quintal.

Quero ensiná-las a amar o mundo e a perfumar estradas de ferro.

Quero ensiná-las a ver mais que as coisas temporais,

Desejo dar-lhes como herança os sonhos, a beleza a poesia.

Não posso lhes assegurar um mundo melhor,

Mas desejo que elas sejam melhores para o mundo que lhes esperam.

Essa cruel impotência me faz dardejar suspiros profundos.

Quero plantar minhas rosas no lugar da saudade, do amor e da felicidade.

Em algum lugar onde possam ser simplesmente rosas.

Não quero dar-lhes espadas e flechas,

Dar-lhes-ei enxadas e relhas.

Aprenderão cultivar jardins,

Cultivarão o amor, perfume já posto em suas pétalas.

Assim, terei cumprido os meus dias, eternizando o melhor de mim.

O que pode ser mais belo que jardins de amor e ternura?

E das flores sorverei o tempo e do tempo colherei amoras.

As cerejas estão maduras.

Quem poderá resistir a força do fruto que nasce ali, simplesmente?

Da liberdade sobrevive minha alma alada.

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