A liberdade mora ali na esquina da saudade.
Sinto o desassossego de quem prediz futuros.
Nos rochedos da palavra o vento quebra o silêncio.
No campo a vida cresce altaneira e primaveril.
No meu peito bate um velho coração já cansado de tudo.
Os meus pés sustentam o velho corpo de um homem que já foi menino.
Minha mente sustenta os pés de um menino que não ama o calendário.
Quero correr com o vento em dias de sóis brandos.
Os meus cabelos brancos me avisam a curva da estrada.
Temo o que virá depois das chuvas.
Minha política é o amor e da tribuna da verdade sou poeta.
Tenho duas rosas crescendo em meu quintal.
Quero ensiná-las a amar o mundo e a perfumar estradas de ferro.
Quero ensiná-las a ver mais que as coisas temporais,
Desejo dar-lhes como herança os sonhos, a beleza a poesia.
Não posso lhes assegurar um mundo melhor,
Mas desejo que elas sejam melhores para o mundo que lhes esperam.
Essa cruel impotência me faz dardejar suspiros profundos.
Quero plantar minhas rosas no lugar da saudade, do amor e da felicidade.
Em algum lugar onde possam ser simplesmente rosas.
Não quero dar-lhes espadas e flechas,
Dar-lhes-ei enxadas e relhas.
Aprenderão cultivar jardins,
Cultivarão o amor, perfume já posto em suas pétalas.
Assim, terei cumprido os meus dias, eternizando o melhor de mim.
O que pode ser mais belo que jardins de amor e ternura?
E das flores sorverei o tempo e do tempo colherei amoras.
As cerejas estão maduras.
Quem poderá resistir a força do fruto que nasce ali, simplesmente?
Da liberdade sobrevive minha alma alada.
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