Por que escrevo poesias?
Escrevo-as porque estou vivo.
Mas há muitos vivos que não as escrevem.
Estariam mortos? Não, apenas não escrevem!
Há vivos que saboreiam versos de poetas mortos.
Os poetas morrem, mas suas ideias se eternizam.
Como nascem os poemas? Eclodem como as estrelas supernovas.
As ideias brotam em mim como as flores brotam no campo.
Escrevo porque os mortos não escrevem mais nada.
Escrevo porque escrevendo pinto imagens e paisagens belas.
Na poesia sou pintor, artista plástico de vidro e gesso.
Na poesia sou maestro, regente das estações do ano.
Somente o poeta desenha quantos mundos quânticos.
Num instante imagino uma estrela do mar.
Se o mar tem estrelas é céu.
Se o céu tem abismos, fundo infinito e as ondas é mar.
Como poeta eu sou as duas coisas: céu e mar.
No palato o céu da boca e na alma o sem fim.
Eu sou cometa para que em mim se acometa a canção de roda.
Ninho de acauãs na dobra do vento na curva da estrada.
Inscrevo-me soldado no circo de pulgas dançando a balalaica.
Lavo os meus pés na beira do rio.
À margem do rio margino lendas e prosas sem fim.
Meu barco veleja por ai,
Sou barcarola de ribeiros atravessáveis.
Quero a lua cheia sob o jatobá-do-cerrado florido.
É de canções que os luares sobrevivem e a poesia é seu endosso.
É na alma do sertanejo que o amor sobrevive à beleza agreste do sertão.
Por que escrevo poesia?
Porque minha alma insiste em transcender a si mesma.
A minha alma teima, resiste e subscreve-se amante do mundo e da beleza.
Escrevo poemas porque sei que em algum lugar há um olhar que amanhece.
Haverá sempre alguém para fazer viver um poeta.
Sempre haverá quem pare para esperar o crepúsculo.
Sou poeta de fins de tarde.
O meu nome é pôr-do-sol.
Poema e foto de Robério Jesus
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