quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Apenas o Inverno!







O trem veleja sobre trilhos e minha alma em espartilhos segue viagem.

Eu queria partir em todo trem que parte.

Conhecer o mundo percorrendo estradas, céu e mar.

Quero seguir à luz da lua.

Atravessar desertos e ver estrelas cintilando.

Quero o silêncio dos rios entre as florestas.

Eu quero o amanhecer e a magia de um sol brando tocando a pele.

Anseio o canto das aves e seus voos em bandos.

Revoadas rumo ao sol que transe o meu olhar saudoso.

Quero a quietude da montanha e ver de longe a cidade.

Na moldura do meu olhar o amor é tinta a óleo espalhada e multicor.

Sou canção cantada ao frio do inverno.

Chimarrão bebido na cuia junto a erva verde do desejo.

Nos campos o cheiro de mato molhado me eriça a pele.

Um velho caminha de sombrinha na calçada e eu o sigo da janela.

Para onde vai o senhor dono daqueles trôpegos passos?

Ele vai para o fim da linha, ali, até onde o meu olhar alcança.

Minha janela continua aberta e de longe, ainda escuto a buzina do trem que partiu.

Nesta estação a estação está aberta para quem não está são.

Bem-vindo à temporada de caça!

Poema de Robério Jesus.

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