O trem veleja sobre trilhos e minha alma em espartilhos segue viagem.
Eu queria partir em todo trem que parte.
Conhecer o mundo percorrendo estradas, céu e mar.
Quero seguir à luz da lua.
Atravessar desertos e ver estrelas cintilando.
Quero o silêncio dos rios entre as florestas.
Eu quero o amanhecer e a magia de um sol brando tocando a pele.
Anseio o canto das aves e seus voos em bandos.
Revoadas rumo ao sol que transe o meu olhar saudoso.
Quero a quietude da montanha e ver de longe a cidade.
Na moldura do meu olhar o amor é tinta a óleo espalhada e multicor.
Sou canção cantada ao frio do inverno.
Chimarrão bebido na cuia junto a erva verde do desejo.
Nos campos o cheiro de mato molhado me eriça a pele.
Um velho caminha de sombrinha na calçada e eu o sigo da janela.
Para onde vai o senhor dono daqueles trôpegos passos?
Ele vai para o fim da linha, ali, até onde o meu olhar alcança.
Minha janela continua aberta e de longe, ainda escuto a buzina do trem que partiu.
Nesta estação a estação está aberta para quem não está são.
Bem-vindo à temporada de caça!
Poema de Robério Jesus.
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