Um sol cor de abóbora no horizonte doura a pele, o mar e o mundo.
Há sóis que em si, possuem o tom dos tons das gemas de ovos de quintais.
São sóis que a nós e a sós, tocou-nos a alma em dias de amor, sorrisos e aventuras.
O que tem o sol com as gemas e as abóboras? A cor; apenas a cor!
É nos olhos que habita a cor dos sóis de tantos invernos meus que se foram.
Minhas retinas estão grávidas das marés, das manhãs e de outonos.
Os meus olhos saberiam perceber os tons de aromas, versos e canções de outrora.
A alma dos meus olhos é dos meninos a alegria no brincar.
No meu cristalino eu sou um pássaro que revoa rumo aos céus.
Vitrais bonitos onde moram oceanos em flora e tom.
Olhos que veem e olhar que deseja!
No fino raio de luz pendurei minha morada.
Luz dourada como diamantes reluzentes que iluminam a íris.
Quando o olhar é luz o mundo é certeza.
Num fio de fino neon dependurei minha esperança.
Tranças minhas que desfiam a pura lã de outonos meus. Frias certezas!
Numa invisível linha de amor a aranha se equilibra e tece.
Relutante, terço em mim as dobraduras do meu ser inconcluso.
Sob os raios tíbios da minha razão vou seguindo para o meu ocaso.
Em todo canto o olhar é luz.
Muitos dizem muito sobre mim.
Pouco sabe de mim e do meu olhar os que sabem tudo.
Muitos dizem do que nada sei sabendo tudo.
Poucos sabem o que sempre fui não sendo.
Nada sabem os que de mim pensam saber de tudo.
Tudo sabe os que pouco sabem do meu ser sentado no balanço.
A morte pede carona e a vida em si, resiste à nota.
A noite arrefece a tudo que o sol selou.
Um tom se fez azul na Nona Sinfonia de Beethoven.
Nada sei se sempre sei que só serei sentindo.
Nada sou se sosseguei suave a dor de sendo assim ser nada em prosa.
Sou apenas sopro que soçobra sobre sóis de primaveras as flores.
Sendo palavra que armadilha catapulta em mim a esperança e o brio.
Sinuoso, eu sigo sossegado a sonhos seus sonhados simplesmente.
Da criança que fui, herdei os olhos; não furtei o olhar, para das janelas,
Seguir vendo os outros e os mesmos sóis que se aninham nos lençóis do tempo.
Que se escondem nas montanhas derramando sua lágrima de ouro em mim.
Minha sinfonia cuja melodia eu arranquei das pedras do meu coração fendido ao meio.
Aqui onde o silêncio é poesia e o amor é arte cênica.
Ali onde por acaso, a vida é ocaso!
Poema de Robério Jesus.
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