O amor é feito flocos de neve nas montanhas.
É leve.
É claro.
Alvo como a luz.
Tem a cor das estrelas.
Flutua por ai.
Possui fluidez.
E dança com o vento.
O amor toca suavemente a pele que enternece.
Refresca os olhos e enleva a alma de quem simplesmente ergue a face aos
céus.
O amor é filho recém-nado do inverno.
No outono, é ave que se aninha entre as folhas.
O amor é a teima da última folha no galho da espera.
É pragana que o vento leva arrastando suavemente no chão.
É mistura de tons, amarelo-vermelho na copa das acácias e dos ipês.
É terra que pisam os pés dos que sonhando flutuam por ai.
O amor é flor de primavera.
É delícia de manhãs de chuva fina no campo.
É abelha colhendo o mel num zum zum zum da saudade.
É perfume de jasmins, bromélias, margaridas e azaleias no oitão da casa.
É flor mantida no galho, longe das mãos que para possuir defloram.
O amor é verão de sóis de céus azuis em tons de girassóis visto da janela.
O amor é brisa que sopra faceira a ternura das pétalas do olhar.
É o olor ao pé das árvores coberto de flores de cores vivas: lilás, branco e rosa
esperança. igual.
O amor habita a beleza e fez a sua casa na árvore do tempo.
O amor é mistério ante o qual, o poeta se cala, admira e respira fundo.
E ali, face à beleza, se esquece de si e de tudo.
O amor é esse mistério que nos apavora não sabê-lo definir.
É o que nos faz tropeçar nas pedras de diamantes do amante.
O amor é silêncio quando a palavra dá lugar à candura sutil de um gesto.
O amor é essa coisa maior que os céus que nos abarcam;
Mais profunda que o mar que nos mergulha.
Mais vasta que o horizonte que nos acolhe.
O amor é mudez de uma alma em fascínio.
Eloquente silêncio quando as mãos vicejam à face.
O amor é a quietude de todas as razões que a razão pode dar ante a beleza.
O amor é como as estações do ano, para compreendê-lo é preciso discernir
O seu momento.
O amor é vórtice.
É a eternidade nas palmas das mãos trazidas junto ao peito.
É prece do orante ante o indefinível.
É perplexidade que eclode à pergunta:
O que é isso que possuo que é infinitamente maior que eu?
O amor é mysterium tremendum ante o qual devoto minha total reverência.
Poema de Robério Jesus.
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