domingo, 26 de fevereiro de 2012

Entre Linhas!


A linha do tempo está posta em minha estrada.
Ando sobre trilhos em que da janela vejo a linha do horizonte.
A linha do trem é caminho para os pés de quem deseja o pôr-do-sol.
Sigo para Nazaré onde nas areias repousei o meu barco.
Na minha solidão eu afugento as aves da tristeza.
De onde estou vejo as pessoas caminhando em suas esperanças.
Um gole, um sorriso, o silêncio e no espelho vejo a minha face.
A imagem do que vejo em mim está distante da miragem do que sou agora.
Fui saudade na terra do sol e hoje sou desejo sobre as águas.
Fiz minha morada numa bolha de sabão e absorto, flutuo por ai.
Quero percorrer invernos em estações de outonos.
Eu quero saber onde e como nasce a primavera.
Do verão eu quero a lembrança de sóis que iluminam diamantes.
Meu telefone emudecido não dá linha com o mundo.
Em minha mão um barbante se mistura à linha que no céu se me faz pipa.
E no olhar intenso da saudade eu posso esperar o fino fio do amanhecer.   
Minha alma adeja sobre o galho onde pousei.
E os meus pés se embaraçam entrelinhas.
Com um fio multicor eu laço as estrelas,
Amarro aos planetas e decoro o universo.
Linho azul de linhas férreas,
Novelos de quem sonha costurar sentidos no tecido roto do passado.

Poema de Robério Jesus.

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