domingo, 26 de fevereiro de 2012

Quero!



Quero limpar a chaminé.

Refazer caminhos que vão para o sótão da minha alma.

Quero rever minhas gaiolas vazias de pássaros
.
Revisitar meus porões.

Eu quero sim, exalar e inalar a fumaça do chá das cinco.

Rever fotografias de viagens entre as flores.

Quero rasgar as velhas cartas de sonhos passados.

Reescrever novas linhas que inserem amores, aromas e amoras.

Quero pregar o botão da camisa que folgou-se com o tempo.

Quero a gravata apertada diante do espelho que me diz o tempo.

Quero as calvas e as rugas, o olhar e as pétalas vermelhas.

É tudo que eu quero, ao sabor de um vinho tinto ou rosê.

Quero a espinha espremida na face e o afeto de um cheiro suave.

Eu quero os meus dedos cruzados aos teus.

Quero o silêncio e a eternidade, vista das janelas dos teus olhos.

Eu quero a liberdade perto de pomares junto ao lago.

Quero de perto ver a minha face nos teus olhos transparentes.

Eu quero escrever poesias com batons em espelhos d’água.

Sim, eu quero tudo que se chama alegria no quintal da esperança.

Eu quero um sorriso, o vento e o crepitar das folhas no outono do amor.



Poema de Robério Jesus.

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