quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Um Inesquecível Olhar!


 



Poucas coisas têm me encantado ultimamente.

Trago em mim um olhar que absorto espia o vazio.

Para num ponto, fixa-se e pronto! O mundo em volta se apaga.

Recolho-me numa flor, sossegando numa pétala que ameniza a dor.

O mistério da vida me faz pensar jardins floridos.

Quem me dera ser criança outra vez!

Crescer pra quê? A gente cresce pra esquecer ou pra lembrar?

Não sei ao certo. Já não consigo olhar com o olhar dos passarinhos.

Um doce olhar que se eterniza no rabisco da parede.

Um olhar pichado em arte nas muralhas da mansão do tempo.

Sinto-me como um violão desafinado.

Sou piano empoeirado na sala.

Poeta vadio que se destina a amar os versos.

No peito o coração se recolhe ao tempo da canção.

As horas passam e a melodia não vem.

Na curva do tempo vejo fotografias de dias que se foram.

Nas veredas da alma guardo segredos e sonhos.

Uma doce ilusão se faz poesia na ilusão da realidade.

Um olhar me fez feliz num voo, no azul do céu dos olhos seus.

Era uma pequena flor: uma rosa.

Não sei o seu nome e talvez, eu nunca o saberei.

Não sei se era Sandra, Alexandra, Catarina ou Roberta.

Isso não importa agora, o que importa é que dela o seu olhar me habita.

Foi assim que encontrei paz, quando em minha travessia o mar se abriu em seu
olhar.

Aquele olhar que perfurava o nevoeiro do meu ser.

Fez-me descansar no velho navio da certeza de que a vida vale a pena.

Eu não sei o nome da rosa, só sei que era bela.

Só sei que era rosa.

Só sei que era flor.

Sua beleza devolveu-me alento no lugar do meu ocaso de sol partindo.

Sim, aquele olhar me trouxe Deus para perto.

Calado e ali, toquei em silêncio o manto da eternidade.


Poema de Robério Jesus.

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