Poucas coisas têm me encantado ultimamente.
Trago em mim um olhar que absorto espia o vazio.
Para num ponto, fixa-se e pronto! O mundo em volta se apaga.
Recolho-me numa flor, sossegando numa pétala que ameniza a dor.
O mistério da vida me faz pensar jardins floridos.
Quem me dera ser criança outra vez!
Crescer pra quê? A gente cresce pra esquecer ou pra lembrar?
Não sei ao certo. Já não consigo olhar com o olhar dos passarinhos.
Um doce olhar que se eterniza no rabisco da parede.
Um olhar pichado em arte nas muralhas da mansão do tempo.
Sinto-me como um violão desafinado.
Sou piano empoeirado na sala.
Poeta vadio que se destina a amar os versos.
No peito o coração se recolhe ao tempo da canção.
As horas passam e a melodia não vem.
Na curva do tempo vejo fotografias de dias que se foram.
Nas veredas da alma guardo segredos e sonhos.
Uma doce ilusão se faz poesia na ilusão da realidade.
Um olhar me fez feliz num voo, no azul do céu dos olhos seus.
Era uma pequena flor: uma rosa.
Não sei o seu nome e talvez, eu nunca o saberei.
Não sei se era Sandra, Alexandra, Catarina ou Roberta.
Isso não importa agora, o que importa é que dela o seu olhar me habita.
Foi assim que encontrei paz, quando em minha travessia o mar se abriu em seu
olhar.
Aquele olhar que perfurava o nevoeiro do meu ser.
Fez-me descansar no velho navio da certeza de que a vida vale a pena.
Eu não sei o nome da rosa, só sei que era bela.
Só sei que era rosa.
Só sei que era flor.
Sua beleza devolveu-me alento no lugar do meu ocaso de sol partindo.
Sim, aquele olhar me trouxe Deus para perto.
Calado e ali, toquei em silêncio o manto da eternidade.
Poema de Robério Jesus.
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