“Viver é subir uma escada rolante pelo lado que desse”, cita Lya Luft.
Desse modo sigo caminhando. As escadas rolam e minhas pernas findam.
Às vezes, eu não quero nem subir nem descer. Impasses de uma alma controversa.
Os beija-flores pairam no ar e não se cansam e eu no ar, sou beija-flor que sorve o néctar do silêncio.
A cor da noite é escura, feito parte de um carvão que resistiu ao fogo.
“Crianças sobrem por esse lado invertido das escadas rolantes, e nós - disse Luft -, mesmo não sendo crianças brincando (ou brigando), tentamos vencer os degraus do que chamamos existência”.
Por serem livres e inocentes, as crianças atravessam sorridentes sobre os vãos do abismo.
Evoco a criança que fui para cruzar meus abismos.
Não temo a morte! Apenas desejo chegar do outro lado do amor!
As escadas rolantes ainda rolam mesmo estando parado sobre os seus degraus.
A vida é assim, é rio que corre às vezes tranquilo, às vezes agitado.
Entretanto, é rio que escorre entre abismos a despeito de quem pensa navegar seguro.
Poema de Robério Jesus.
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