E eu, daqui, avisto mundos,
Pela janela que dá para o futuro.
Sua luz me aquece levemente,
E meu corpo feito bolha de sabão
Flutua suavemente, enquanto minha alma sonha.
O vento espalha pelo mundo afora os grãos de areia
Que peguei às margens do rio da vida,
Na terra vermelha de chão batido,
Torrão de poeira entre brejos e pantanal.
Minha alegria é visitante faceira,
Chega, entra e sai sem esgotar sua beleza.
O pó-de-cerra da madeira cortada no último inverno,
Ainda arde nos olhos que desmata a mata virgem.
Floresta feita pó em serras mortas de amores idos,
Ali onde o machado está posto sobre a raiz da árvore,
Onde somente a semente da esperança pode brotar.
Adeus às aves;
As cachoeiras minguaram com a sede dos homens;
Aos animais restaram os entalhes e as fotografias do passado,
As fontes do amanhã anunciam a morte da vida de hoje.
A indústria matou a mata,
A ciência constrói o homem que destrói a sua própria casa.
Na verdade meu senhor,
A única coisa que nós os homens temos em comum são as estrelas.
O sol ainda brilha lá fora,
Ainda...”