quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

À Talitha E Tábatha Com Carinho. (18 de Junho de 2008, Portugal)




"A vidraça qubrada no canto da janela,
Fez entrar um vento frio do inverno que sorria pálido lá fora.
O som da rua transiu meu olhar saudoso,

E a voz das aves despertou minha paixão infantil;
Notei minhas rugas na face cansada de ver as estradas,
Rumos certos e incertos de uma vida que goteja sonhos,
A taça de amora dos dias de outono quebrou-se ao pé do pilão;
A lareira ardia na sala da solidão enquanto a lenha, como uma sarça, não se consumia,
Ali, ao frescor do vento frio que destilava o odor das flores caídas ao chão,
Meu corpo de menino era acolhido por um cobertor de fazenda;

Vida breve! Mesmo aquecida, passa diante dos olhos, seguindo as gotas da chuva,
Que caem na calçada, onde apenas a lembrança dos meninos de ontem, formam corpos que esvoaçam a areia na estrada que liga ao amanhã.

Foi-se o ardor do sol, a lua de tímida nem dá sua luz,
E eu, aqui, penso nelas, Talitha e Tábatha, minhas princesas;
Quem me dera poder realizar os seus sonhos agora,

Quem me dera, eu mesmo,
Ser um brincalhão,
Rolar com vocês na grama,
Dançar na chuva
E correr empinando papagaios novamente,
Sinto saudade de vocês.

Meu mundo não é nada se não posso beijar suas faces,
Minhas pequenas!

Ah! Se o vento pudesse levar esta poesia,
E soprasse aos seus ouvidos o meu amor.

No vosso castelo queria ser o bôbo da côrte, pois, ser rei é cansativo,

Reis não chupam pirulitos,
Não brincam com o barro,
Não brincam de roda, nem fazem rir,
Sim, eu queria ser o bôbo da côrte,
Para fazê-las felizes minhas princesas e rirem à vontade,
A fim de fazer da nossa dança na sala, ao som da valsa vienense,
O lugar do banquete da alegria,
Ali, onde Deus caminha com a gente e se assenta,
Enquanto se encanta com a obra das suas mãos: Vocês."

Em Amor

Nenhum comentário: