"Suave é a luz que brota do olhar de quem ama,
arco-íres desnudo, estrela cadente na via-láctea,
rotas submersas na escuridão dos mares.
Assim, o afeto encorpa-se no gesto que acolhe o sorriso.
Becos sem saídas são as vias do remorso,
martelo que bate insólito a bigorna da consciência.
O medo prediz a imagem que o coração quer temer,
Os pés ligeiros correm à procura da cura que não vem.
Ruma a ermo os rumores de homens penitentes,
ladainhas de velhas,
Altares fendidos ao meio,
cinzas derramadas das botijas vazias de azeite.
Homens partidos;
mundos partidos na dor da partida,
mãos que engravidam de devoção;
lágrimas que vertem a alma como gotas.
A cruz, os pregos, a coroa de espinhos,
lugar-comum dos que crêem no amanhã,
ressurreição de peles, carnes e ossos;
espíritos renascidos do nada,
faces feitas Cristo outra vez.
Preces que ditam a dor na pressa que reza o favor,
palavras que libertam e destilam o ser no lugar sagrado;
a luz do divino encontra o pecador no lugar santo,
nasce a comunhão.
Uma voz se faz ouvir no fundo da alma:
SITIENTIBUS {aos que têm sede}".
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