segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Sitientibus (Aos que têm sede)



"Suave é a luz que brota do olhar de quem ama,

arco-íres desnudo, estrela cadente na via-láctea,

rotas submersas na escuridão dos mares.

Assim, o afeto encorpa-se no gesto que acolhe o sorriso.

Becos sem saídas são as vias do remorso,

martelo que bate insólito a bigorna da consciência.

O medo prediz a imagem que o coração quer temer,

Os pés ligeiros correm à procura da cura que não vem.

Ruma a ermo os rumores de homens penitentes,


ladainhas de velhas,

Altares fendidos ao meio,

cinzas derramadas das botijas vazias de azeite.

Homens partidos;

mundos partidos na dor da partida,

mãos que engravidam de devoção;

lágrimas que vertem a alma como gotas.

A cruz, os pregos, a coroa de espinhos,


lugar-comum dos que crêem no amanhã,

ressurreição de peles, carnes e ossos;

espíritos renascidos do nada,

faces feitas Cristo outra vez.

Preces que ditam a dor na pressa que reza o favor,


palavras que libertam e destilam o ser no lugar sagrado;

a luz do divino encontra o pecador no lugar santo,

nasce a comunhão.

Uma voz se faz ouvir no fundo da alma:

SITIENTIBUS {aos que têm sede}".

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