quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sozinho


É madrugada e o peso das horas move em mim o pêndulo da ansiedade,
E aqui, do meu lugar, observo manhãs que já foram mais belas,
num ontem não muito distante do meu mundo em processo.

De alguma maneira sinto que não estou só, mesmo estando;
o baile já acabou e o sol vem despertando as aves que dormem encolhidas,
ai no limiar da vida, onde o véu da noite deitou sutil o seu olhar.

Respiro, paro, penso, repenso e respiro novamente;
a mente naufraga em pensamentos vãos que não constroem castelos;
a resposta certa não vem, e sem ela não vem o sono, travesso brincalhão.

Nas colinas o ruído sereno de mato verde molhado do sereno da noite;
ruas vazias de sonhos, estradas grávidas de pés que voltam incertos para lugares frios;
meros corações contidos pela dor de quem não sabe ao certo em que porto ancorar.

Minha dor; dor de muitos; dor de poucos partidos em partos, parcos pratos sem sabor,
dor do Deus que doa dons diversos aos incautos aventureiros,
dor de quem não viu partir o trem que levou o último abraço e olhar sinceros.

Respiro, paro, penso, repenso e respiro novamente,

esse tic tac do relógio da angústia é mortal para mim,quem sabe a dor da espera conhece e voz do desejo que não cala no abismo do tempo.

Portugal tem Espinho que fere a rosa que exala o amor;
o Porto é caís para as naus que vem de longe, de muito longe,barcos solitários, calados, ao som das ondas que golpeiam as pedras.

Quem me dera mover-me à velocidade da luz,
correria planetas, mares; tocaria as estrelas e daria a volta ao mundo, porém, vejo meu corpo limitado, amargar a espera das horas que zombando passam devagar.

Respiro, não paro, não penso, respiro novamente;
E aqui, do meu lugar, abatido, sinto-me sustentado pela única luz que brilha no fim do túnel escuro que me espera: a certeza da tua presença Senhor”.

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