sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Abandono















“Fagulhas de mim esvoaçavam no céu da minha solidão,
E eu, parado ali junto à janela do olhar, desejei ver o sol.
A fogueira ainda ardia na beira do poço.
Enquanto, sua chama iluminava o rosto, feito sonho de menino,
Em alguma fenda aberta entre o passado e o futuro,
Pairava meu pensamento.
As aves se foram,
As estrelas se foram,
Ninguém ao pé da fonte importava-se,
com o olhar que se sentia só;
As crianças se foram,
Os velhos se foram,

você se foi,
Apenas restou a lembrança do adeus.
Todos se foram,
E eu fiquei só,
Abraçando a mim mesmo,
Enquanto meu ser sorvia o último olhar,
Um misto de amor e desprezo,
Lugar comum dos esquecidos,
Onde morrem o desejo, o amor e a poesia,
Terra onde transe o menino que renasce,
De outros abandonos,
Que se encolhe no canto em busca de um abraço,
Em busca de quem realmente se importe”.

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