terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Luzes de Pirilampos


"Um pirilampo voou sob a fraca luz do candeeiro, na noite de depressão da lua; era a única luz que iluminava o meu olhar. Sem o olor da fumaça que ardia os olhos, assim a beleza do teu sorriso amanheceu em minha janela para o passado, e tua voz audaz perpetrou minha sorte pálida.

Não ventava no lugar da saudade e as janelas da alma continuavam cerradas para o mundo. A fogueira do anelo crepitava à fogo constante; ervas amargas espalhadas na estrada do coração, aliadas às aves de rapina que assinam e assassinam os sonhos, dor que anuncia a angústia que caminha no passo de gado.

Neurose é dor do ego que deseja infinitamente, é fome do ser que urge por instintos atendidos, é sede do id, que se sabe dono da liberdade, sedento por instantes de eternidade no corpo, refém, do superego algoz do amor, Piratas vadios em navios que rumam para o coração dos mares.

Depressão é saudade contida no cárcere do espírito, é desejo aprisionado no peito de quem grita pelo amor que não veio, é amor partido em navios que cruzam ás águas gélidas da vida que esvai-se entre os dedos, é alma enferma que afoga o afeto infindo de amores eternos vívidos, é prece calada da alma que rejeita o cálice e a cruz de uma existência sem glória.

Insônia, melancolia, tristeza, pânico, ansiedade e fobias são males dos vilões. Os heróis possuem vida, alegria, paz, autoconfiança, fé em Deus e resignação. No entanto, voltar ao útero materno é desejo inconsciente dos amantes, libertar-se do mundo é o que premia o ego que sofre junto à fonte. Taça quebrada do vinho que ninguém bebeu o amargo na festa do desespero.

O que mais quer a alma além de gozar o prazer da paixão? Depressão é querência, carência de meninos em corpos adultos, é útero que não vem, colo que se desfez, paraíso comum do Édipo de todos nós, é ânsia de morte que desfarça o desejo da vida que não tem, com a dignidade que sabe merecer.
Eros que habita o espírito e que veste-se de carne e osso, da pele que aquece os sonhos.

Um pirilampo voou sob a fraca luz do candeeiro, na noite de depressão da lua. Era a única luz que eu possuía para iluminar o meu olhar e meu corpo, à sombra da morte. Um pirilampo voou sob a fraca luz. Apagou-se o candeeiro, apagou-se o pirilampo, e aqui, meu amor, só restou minha fraca luz na penumbra do quarto longe da janela do teu olhar".

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