domingo, 28 de dezembro de 2008

O Sol Que Ainda Brilha



O sol brilha lá fora,
E eu, daqui, avisto mundos,
Pela janela que dá para o futuro.


Sua luz me aquece levemente,
E meu corpo feito bolha de sabão
Flutua suavemente, enquanto minha alma sonha.

O vento espalha pelo mundo afora os grãos de areia
Que peguei às margens do rio da vida,
Na terra vermelha de chão batido,
Torrão de poeira entre brejos e pantanal.

Minha alegria é visitante faceira,
Chega, entra e sai sem esgotar sua beleza.

O pó-de-cerra da madeira cortada no último inverno,
Ainda arde nos olhos que desmata a mata virgem.


Floresta feita pó em serras mortas de amores idos,
Ali onde o machado está posto sobre a raiz da árvore,
Onde somente a semente da esperança pode brotar.

Adeus às aves;

As cachoeiras minguaram com a sede dos homens;

Aos animais restaram os entalhes e as fotografias do passado,
As fontes do amanhã anunciam a morte da vida de hoje.

A indústria matou a mata,
A ciência constrói o homem que destrói a sua própria casa.

Na verdade meu senhor,
A única coisa que nós os homens temos em comum são as estrelas.

O sol ainda brilha lá fora,

Ainda...”

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